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Vamos agir para estimular o consumo consciente de mídia e a produção de conteúdos que melhorem a vida das pessoas.

A Causa

A exposição de violência na mídia é causa de atos violentos

consenso entre os especialistas de que existe relação de causa e efeito entre a violência exibida pelos meios de comunicação e a futura prática de atos violentos por espectadores. Essa é a conclusão de centenas de estudos científicos realizados em vários países. Já em 2001 seis associações médicas americanas afirmaram que os dados apontam de forma impressionante para uma conexão causal entre a violência na mídia e o comportamento agressivo.

Apesar disso, praticamente não há debate no Brasil sobre o papel da mídia como indutora de violência. A imprensa brasileira e as associações médicas dariam importante contribuição ao combate à violência urbana se trouxessem esse tema a discussão.

A mídia negativa deprime o espectador e a sociedade

O ser humano é programado para dar mais atenção às notícias negativas. O processo evolutivo nos faz identificar rapidamente o perigo e nos manter vivos. A mídia usa essa característica humana para atrair audiência. O problema é que o perigo é extremamente exagerado e há enorme desproporção entre a oferta de conteúdos negativos e positivos.

A abordagem dos problemas pela mídia tem muitas vezes o objetivo de despertar sensações negativas – em vez de discutir soluções. O acúmulo dessas sensações ajuda a construir uma sociedade amedrontada, tensa e doentia.

O suicídio tem tratamento diferente

Curiosamente, a mídia reconhece o efeito nocivo da sua atuação quando o assunto é suicídio. Desde o século XVIII se conhece o “efeito Werther”, a série de suicídios ocorridos após a publicação do romance de Goethe, no qual um jovem apaixonado se mata. Em muitos países as associações médicas recomendam aos jornalistas moderação no tratamento de casos de suicídio, inclusive no Brasil.

A cartilha “Comportamento Suicida: Conhecer para Prevenir”, feita pela Associação Brasileira de Psiquiatria e dirigida para profissionais de imprensa, afirma: “Há vários registros mostrando que, dependendo do foco da reportagem, pode haver aumento do número de casos de suicídio”. E sugere ao jornalista perguntar-se: “Por que divulgar? É relevante? Que tipo de impacto a reportagem pode trazer? Como vai se sentir quem está enlutado? Como vão reagir os vulneráveis que estão pensando em tirar a própria vida?” E faz recomendações: evitar noticiar casos de suicídio, não mostrar imagens, não descrever o método da letalidade.

Essas perguntas e recomendações deveriam se aplicar a todas as coberturas que envolvam violência, e não apenas a suicídios. São temas que merecem a reflexão de jornalistas, escritores, roteiristas, diretores, produtores, e responsáveis por conteúdos em todas as mídias, assim como de patrocinadores, entidades, ONGs e também o poder público.

Índice de Violência na Mídia – IVM

O Paz na Mídia criou um monitoramento para mensurar a exposição do brasileiro a cenas de violência e a conteúdos negativos. Os estudos foram iniciados em novembro de 2013 e abordam os quatro telejornais nacionais: Jornal Nacional, Jornal da Record, Jornal da Band e Jornal do SBT, e são atualizados diariamente.

Entre novembro de 2013 e julho de 2017, os expectadores ficaram expostos a 562 horas e 02 minutos de cenas violentas (18% do total dos telejornais), uma média de 22 minutos por dia. No mesmo período as matérias negativas ocuparam 1228 horas e 54 minutos (39% do total dos telejornais), e apenas 3% do tempo foi dedicado a acontecimentos positivos (76 horas e 46 minutos).

Por uma mídia melhor e pelo consumo consciente de mídia

O Brasil precisa de uma mídia melhor e as pessoas têm o direito de se informar para construir outra relação com a mídia: o consumo consciente. O caminho é o debate e a participação.

O Paz na Mídia foi criado com o objetivo de combater a cultura da violência (da qual a mídia é o principal sujeito) e suas consequências desastrosas. É hora de agir. Participe das nossas redes sociais e compartilhe nossos conteúdos.

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